Se Joga
No mês das eleições presidenciais brasileiras, Érika Machado partilha uma canção que ecoa comportamentos cibernéticos nos dois lados do Atlântico.
Este é o décimo capítulo de uma coleção de peças criadas, a propósito do 200º aniversário da independência do Brasil, por pessoas brasileiras que vivem em Portugal. Érika Machado foi escolhida por Ciço Silveira, cronista-curador que convidámos para escrever e nomear outros autores, numa lógica de descentralização dos discursos e da ocupação dos lugares de fala.
Para a revista Interruptor, me calhou a participação a propósito do 200º aniversário da independência do Brasil, em outubro, mês das eleições no Brasil.
Sendo assim eu achei que fazia sentido apresentar essa canção inédita, feita e gravada aqui em casa por mim e com toques mágicos do John Ulhoa.
A canção faz sentido nos dois lados do oceano Atlântico (e não só), ela foi feita para essas pessoas com ideias e comportamentos que são para mim incompreensíveis em pleno 2022.
Fica um conselho:
Se joga
Cê podia espalhar mais amor
preferiu uma anedota senil
Era só pra abençoar o esplendor
por ser tão redondamente imbecil
Cê podia meditar faz tão bem
ser do tipo inteligente e gentil
Já não tô pra te aturar, faz favor
Quer saber vou bloquear seu perfil
Vai se joga
vê que o mundo é um lugar que é bem maior
Vai se joga
deve haver um precipício ao seu redor
Sobre a autora:
Érika Machado é natural de Belo Horizonte, vive entre Portugal e Brasil desde 2010 e se diz artista. Doutoranda em Arte Contemporânea no Colégio das Artes da Universidade de Coimbra, apresenta o seu trabalho em diversos formatos. Como cantora, instrumentista, compositora e produtora, editou quatro álbuns a solo, e um do projeto Spicy Noodles. Entre os prémios recebidos está o de Artista Revelação pela APCA. Érika realizou diversas exposições individuais e coletivas.